quarta-feira, 2 de junho de 2010

Resenha do filme - Nós que aqui estamos por vós esperamos



Direção: Marcelo Masagão
Tempo de duração: 73 min
Ano de lançamento: 1998

            É a expressão que o Diretor Marcelo Massagão encontrou cunhada no portal de um Cemitério no interior de São Paulo. Sentença essa que nos alerta e devolve o senso crítico de humildade, que marca a proposta do filme em discutir a banalização da Morte na mesma extensão de banalização da Vida. São marcas de um passado, não muito distante, nos seus mais variados aspectos e que cada minuto da nossa existência ressalta a história dos momentos marcantes do Século XX.
              Marcelo Massagão ainda mostra como um século vai passando, elaborando os seus personagens anônimos, reconstruindo grandes e pequenos acontecimentos sem tempo cronológico e contínuo para se compor uma viagem através da história, juntando pequenos quadros sem uma seqüência lógica mais ampla e que se interliga num todo com sinais de uma modernidade reconstruída de maneira mais humana.
               O Documentário demonstra que: o que hoje é presença, amanhã pode ser ausência incorporada em um contexto complexo de um todo gravado como um script de uma página do livro magnânimo chamado VIDA.
               É nesse mergulho, que o Diretor mostra nas paragens longínquas de uma era chamada século XX, onde muitos de nós, até mesmo sem o exposto da nossa vontade fizemos parte dele, juntando retalhos emotivos de uma história, tingindo cada pedaço com o colorido da sensibilidade humana. Aqui, artistas, intelectuais, líderes políticos e religiosos são arautos da grande massa universal que ainda encontra força para protestar contra a maquinização do homem pelo próprio homem, onde o homem cria a máquina, para depois a máquina recriar o homem.
               Com muita sutileza, o autor capta a essência das transformações de uma geração marcada pelas turbulências das mudanças sucessivas, as descobertas impactantes, as conquistas espaciais, os avanços da ciência, a força da liberdade, o espaço conquistado, as bombas nucleares assustando sábios e doutos,  grandes e pequenos que se misturam para formar a Grande Orquestra que compõe o século XX.
              Parece que tudo fora liberado de uma só vez, o tempo tivesse perdido o seu freio e o conhecimento, como um gigante adormecido, desperta de braços dados com a tecnologia, e bramindo o tempo do progresso, percorre os quatro cantos da terra, dando movimento e revitalizando a espécie humana, deixando os padrões de rastreamento, para uma nova geração de homens, onde Picasso possa voltar desfazendo os absurdos do mundo e demolindo os horrores da guerra, onde a manifestação do Homem Moderno será sentida através da vibração que ele irradiar, onde Hitler traz todos os Judeus ensinando-os a higienizar a humanidade e Gandhi, não precisa morrer mais pela Paz, pois conquistar o inconquistável, já não é mais a marca patente do século do conhecimento.
              Descobrimos que a mensagem pode ficar alerta prefixada na nossa memória, juntando os fragmentos dispersos no nosso mundo interno e que cada lapso de reflexão fosse para dizer que nós  seres humanos, que ainda somos revestidos de tanta fragilidade, e que os limites do homem perante a verdadeira realidade ainda é a Morte. E quando ela chega é demarcando o nosso psiquismo consciente e inconsciente, num percurso entre a sanidade e a loucura, abrindo fendas vulcanizadas na psicosfera vibracional do nosso Eu amedrontado com tanto desrespeito à vida e o festival de realizações para se propagar a Morte. Mesmo que as diferenças da vida nos deprimam e nos massacrem, nos juntem e nos separe, a morte é o único elo que nos une e reúne numa viagem ao desconhecido para alguns e para outros não, mas a expressão está sempre explicita em forma de Convite:
          
 “Nós que aqui estamos por vós esperamos”

2 comentários:

  1. O blog é interessante.

    Qual a razão para usar a a expressão "desvendando a Psicologia"? Ela é velada?

    Parabéns pelo blog.

    Tereza

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  2. A psicologia não é velada, usamos a expressão "desvendando" por estarmos mergulhando em um novo universo de conhecimento que nos permiti descobrir a psicologia científica.

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