segunda-feira, 28 de junho de 2010

A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA NA BAHIA



Disciplina:  Fundamentos Filosóficos e Epistemológicos da Psicologia
Professora: Rita Rapold
Pesquisa sobre a  História da Psicologia na Bahia

A profissão do psicólogo no Brasil teve inicio com a criação das faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia em 1833 e até o final do século XIX, não havia nenhuma sistematização ou institucionalização do conhecimento psicológico. As associações profissionais e de pesquisa não eram reconhecidas existia apenas pessoas interessadas, curiosos dos temas e questões psicológicas, portanto, não havia a profissão de psicologia no Brasil durante o século XIX, sendo este período denominado pré-profissional.

O período da profissionalização é compreendido entre 1890/1906. A partir de 1975 inicia-se a abordagem desde a gênese da institucionalização da prática psicológica, até a regulamentação da profissão e a criação dos seus dispositivos formais que teve várias discussões sobre essa nova profissão, então um novo rumo começou a ser delineado.

A psicologia foi iniciada como ciência há cerca de 100 anos, sendo a sua regulamentação, como profissão no Brasil, somente em 27 de agosto de 1962 conforme decreto de Lei 4.119; que dispõe sobre os cursos de formação em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Após a inauguração dos laboratórios de psicologia experimental na educação (1906), e a criação do código de ética (1975) a psicologia passa a ter um conhecimento próprio tornando-se detentora de um determinado mercado de trabalho, ainda que compreendido entre a medicina e a educação.

Na Bahia, Nina Rodrigues (1939) aplicou o paradigma ao contexto social no final do século XIX,  produzindo conhecimentos sobre aspectos do ambiente cultural, de tipos humanos, do comportamento de grupos e de pessoas Em 1975 a profissão da área de psicologia passou a estar organizada e estabelecida, sofrendo alterações sócio-econômicas e apresentando-se com formação referente a três grandes áreas como: Clínica, Escolar, Organizacional.

A medicina nacional no período já começava a atentar para a presença dos doentes mentais. Tal preocupação cristalizou-se em 1829, quando foi criada a sociedade de Medicina do Rio de Janeiro. Oriunda das idéias adotadas, em particular, pela Escola Francesa baseava suas teorias no Movimento Higienista, que tinha entre seus objetivos investigar o cotidiano da cidade, realizando um profundo diagnóstico sanitário das instituições existentes na Corte, constatando as precárias condições de vida dos loucos na cidade, que viviam nas ruas e abrigado nas prisões.

Na época do Brasil Colônia perdura o princípio de que os indivíduos eram tratados conforme suas origem e classe social. O louco “rico ficava no âmbito familiar”. O louco “pobre” era deixado livre ou colocado em prisões, morrendo de fome ou por violência física. O médico José Francisco Xavier Sigaud, através do periódico –“Diário da Saúde” – publica um artigo intitulado “ Reflexões acerca do tratamento livre dos doidos pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro” (1835).

Fruto das movimentações no Rio de Janeiro, em 18 de outubro de 1858, o inspetor de saúde, médico José de Góes Sequeira, protesta fortemente contra as péssimas condições dos insanos na Bahia.

No dia 18 de julho de 1866 é criada a Gazeta Médica da Bahia, periódico que se tornou o grande espaço de pressão e crítica à assistência aos alienados da época. 

Depois em 1864, o governo da província Baiana tomou a iniciativa  de responder as pressões que já existiam da classe média, baixando a Lei Provincial nº. 950  de 27 de maio, autorizando a criação do  “Asylo São João de Deus”. O Presidente da Província propôs a remoção dos loucos inicialmente para um edifício na Quinta dos Lázaros que sem condições de abrigá-los adequadamente é substituído por uma casa no Paço de Itapagipe. A mobilização e as pressões dos médicos, especialmente aqueles exercendo cargos políticos como Deputados Provinciais – Álvares da Silva, Demétrio Cyriaco Tourinho e J. Luiz  D’Almeida Couto, conseguiram que em 18 de julho de 1869, fosse baixada a Resolução Provincial nº 1089, que autorizava a compra do prédio da Quinta da Boa Vista para que  fosse fundado um Hospital de alienados. No dia 16 de abril de 1873, o Desembargador João José de Almeida Couto - Barão do Desterro, juntamente com a Santa Casa de Misericórdia, iniciaram a realização das obras e reformas necessárias. Finalmente em 24 de junho de 1874, é inaugurado na Cidade do Salvador o “Asylo São João de Deus”.

Naquela época o espaço da Psicologia na Bahia era ocupado por curiosos, charlatões e profissionais improvisados de outras áreas, a falta do profissional era grande e a sua necessidade sentida nos hospitais psiquiátricos, escolas e outras áreas. Em face dessa necessidade a Psicologia conquistou seu espaço próprio como área de conhecimento e campos de práticas na Bahia, atingindo a sua autonomia e reconhecimento como ciência específica.

As Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, tendo a sua origem nas cadeiras de Cirurgia, na Bahia e de Cirurgia e Anatomia no Rio de Janeiro instaladas em 1808, exigia para a conclusão do curso, que o aluno defendesse publicamente uma tese de doutorado.

Grande parte dos trabalhos sobre assuntos psicológicos, nessa época é proveniente dessas teses, que tratavam de temas relacionados à Psiquiatria, Neurologia, Medicina Social e Medicina Legal.

A Medicina veio a ser importante substrato para o desenvolvimento da Psicologia. A evolução do pensamento psicológico no interior da Medicina até o século de XIX preparou o terreno para que o conhecimento e a prática da Psicologia se desenvolvessem a tal ponto que fizeram delinear-se com clareza seus contornos, tendo assim a sua definição como campo autônomo de conhecimento e ação veio a se concretizar  nas décadas iniciais do século XX.

A educação, sobretudo nas décadas iniciais do século XX, era fundamental, foi a principal base sobre a qual a Psicologia emergiu na condição de ciência, tendo sido por seu intermédio que grande parte dos conhecimentos produzidos na Europa e nos EUA chegaram ao Brasil, em virtude dessas características a Psicologia revelou sua autonomia teórica e prática. Esse desenvolvimento gerou sua adequação às necessidades geradas pelos problemas sociais.

 A criação de Laboratórios de Psicologia nos Hospícios e uma das mais importantes evidencia desses processos, sendo que estes na condição de instancias da Psiquiatria vieram a ser relevantes produtores de estudos e pesquisas psicológicas. Esse fato demonstra que a Medicina, produzindo conhecimento psicológico em seu interior, veio a contribuir para que psicologia construísse seu próprio espaço.

Na Bahia João Ignácio de Mendonça e Isaías Alves de Almeida, professor de Psicologia na Faculdade de Filosofia e Pedagogia, respectivamente, foram os pioneiros na implantação de conhecimentos sistemáticos de Psicologia. Constitui-se a nível nacional, em 1957 um movimento pró regulamentação da profissão de psicólogo.

Finalmente, em 1968 foi criado o Curso de Psicologia da UFBA, dez anos após ter sido fundado o primeiro curso no Brasil em São Paulo.
Em síntese, pode-se dizer que a produção psicológica do período colonial refletia as condições da sociedade que não só incorporava seu pensamento dominante, como também seus conflitos. A principal característica do pensamento psicológico é ser tratado no interior de outras áreas do saber, não se vinculando explicitamente a instituições específicas, como viria a ocorrer no período subseqüente.  Das instituições citadas, tiveram grande importância as Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro, e da Bahia, nessas escolas sobressaem-se especialmente as teses de doutorado, muitas das quais abordando assuntos de interesse psicológico e consistindo em importantes fontes de produção sobre fenômenos psíquicos do século XX.

REFERENCIAS:
     
MOREIRA, Juliano. - Memorial Professor O MESTRE/ A INSTITUIÇÃO. 1ª edição. Copyright 2007 - paginas 59 a 66;

PEREIRA ,  Fernanda Martins. - Psicologia em estudo, Maringá, n°2, paginas 19 a 23 – 2003;

Brasil, lei n°4.119 de 27 de agosto de 1962;

Decreto, lei n°. 53.464 de 21 de janeiro de 1964;

Conselho Federal de Psicologia, (1988), Quem é o psicólogo brasileiro?  São Paulo.

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